É difícil abandonar o que já conhecemos, mesmo que não nos faça bem, especialmente quando não temos clareza sobre o que poderia vir a ser. Esse medo do desconhecido, da incerteza, muitas vezes nos paralisa, mesmo quando a situação em que estamos é claramente tóxica.
Assim, é comum que só demos o salto para a mudança quando a dor se torna insuportável. Cada um de nós carrega um limiar diferente para suportar o sofrimento, e, curiosamente, o mesmo indivíduo pode ir aumentando a sua tolerância à dor com o tempo, como uma adaptação ao que lhe faz mal. Alguns resistem até o último sopro, agarrando-se ao conhecido, mesmo que destrutivo. Outros, escolhem buscar mudanças aos primeiros sinais de desconforto.
No fundo, acredito que não seja apenas uma questão de personalidade, mas sim de momento de vida, circunstâncias e até mesmo de acaso (...se bem que dizem que o acaso não existe). A grande questão que fica é: até onde estamos dispostos a ir suportando o insuportável antes de finalmente escolhermos a nós mesmos?

Então, vamos começar pelo início: O QUE É A INCOGNITA?
Ela resume-se ao facto de desconheceres algo. Neste caso, o futuro (dos próximos minutos aos próximos séculos).
Mas (...porque existe sempre um "mas"...), para algumas pessoas a incognita é:
a) O VAZIO:
Temos esta incrível tendência de associar a incógnita a uma espécie de vazio mental. E, como a natureza não gosta do vácuo, e também porque fomos condicionados a temer a incognita, preenchemos automaticamente e naturalmente este espaço com incertezas, medos e pessimismo!
Ora o medo da incógnita pode te imobilizar por muito tempo, mantendo-te presa à situações que já não servem o teu bem, nem o teu desenvolvimento.
Agora, pensa comigo:
E se a incógnita não fosse um vazio? E se ela fosse uma esféra luminosa. Espaço repleto de um universo variável e bem real, de milhares de possibilidades? Neste cenário, o que importa já não é o que acontecerá, pois é múltiplo e imprevisível, mas sim o que tu fazes e és hoje. E isso, tu conheces.
b) UMA ZONA DE DESCONFORTO:
Alguns chamam a incógnita de "zona de desconforto". Mas, na prática, ela pode ser bem mais confortável do que a tua suposta zona de conforto. Sabes porquê? Porque confundes "zona de desconforto" com "zona desconhecida".
Já paraste para constatar que a tua chamada zona de conforto é, na realidade, apenas a tua zona conhecida? E que essa mesma zona conhecida pode ser, na realidade, super desconfortável?
Conforto e conhecimento são dois conceitos muito diferentes. Pode ser desconfortável para ti avançar com menos dados na tua equação, mas a incógnita não é, por definição, uma zona de desconforto. Ela é simplesmente uma zona desconhecida e, como tal, carrega um potencial infinito de variáveis.
E, verdade seja dita, mesmo quando pensas conhecer todos os dados da equação, a realidade é que nunca sabes tudo. A vida é uma constante adaptação a elementos em movimento: tu, os outros, as circunstâncias, a natureza... Tudo está em fluxo, e é nesse dinamismo que reside a beleza e o desafio da existência.
CONCLUSÃO:
Onde vês riscos, sente oportunidades.
Onde tens dúvidas, pensa em responsabilidade.
Constrói em direção ao que queres de melhor, preparando-te, na medida do possível, para o menos favorável. Isso permitir-te-á agir de forma alinhada a pessoa que já és (a tua essência), para assim dar carne a vida que aspiras viver.
Solta-te e ousa sair da tua zona conhecida. A incógnita não é um abismo, é uma ponte!
Até em breve.
Saudações moléculares

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